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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O uso da língua na Câmara de Vereadores de Feira


Já disseram que a língua não tem osso, o que é óbvio. Mas deve ser por isso que usam e abusam da pobre coitada. O que aconteceu ontem (16) na Câmara Municipal de Vereadores de Feira de Santana, serviu de pano de fundo para trançarmos o perfil linguístico da vereança feirense da presente era.
No plenário ou na tribuna, alguns falam por necessidade, outros por hábito e outro por vontade. Alguns por convicção, outros por ignorância, mas todos falam.  Há aqueles que falam de maneira sincera e honesta, mas há outros que utilizam-se da má fé.
Alguns, ora falam como homem, ora como papagaio. Para estes, deixar de falar seria como arder nos mármores do inferno. Afinal, há vereadores tagarelas que não conseguem conter a língua entre os dentes e acabam fazendo um barulho desnecessário com ela. Para estes, a língua funciona como alimento. Já para aqueles outros que utilizam a armadura do silêncio, ela é apenas uma mera companheira cotidiana.
No entanto, a última sessão ordinária desta semana mostrou que na Câmara há línguas mais afiadas que navalha, mas nociva que cata vento e mais daninha que ninhada de rato quando encontram uma dispensa surtida. Mas também há aqueles que não sabem utilizá-la para defender-se melhor e preferiu demonstrar os acentos da sua dor e do seu desapontamento trazendo a tona o que deveria ficar escondido.
Só bastou um ponto e vírgula. Nada mais. E a intriga estava armada.  A partir daí a discórdia passou a ser o termo regente e o predicativo do sujeito, nefasto, funesto, mesmo o pronome se estando na condicional.
Por outro lado não se pode negar que há aqueles que utilizam pouco a língua e ensinam muito, mas também há aqueles a utilizam demasiadamente e para quase nada a aproveita. Isto evidencia que na Casa Legislativa de Feira há língua de todo tipo: de ouro, de barro, de bronze e até de trapo. Mas a ordem do dia é falar: pela ordem presidente!
Na tribuna falam como se estivessem nos púlpitos de uma igreja pentecostal. Os discursos são tão fervorosos que qualquer dia desses não vai ser estranho, na galeria da casa, alguém levantar a mão direita e soltar um aleluia, glória a Deus ou ainda um fala papai! (aí você riu né?!) Mas foi por conta destes que a maldição da discórdia foi aniquilada na sessão de quarta-feira (16). Que venham mais cultos matutinos na Câmara Municipal.
Mas nada lá passa despercebido à apreciação de um vereador sensato ou à tesoura de outros refinados maldizentes. Nesse quesito a variação lingüística é mais que abundante.  Mas já que falamos de Deus vejamos o que Ele diz sobre o assunto no livro do apóstolo Tiago 3:8-10: “mas a língua, nenhum homem a pode domar. É um mal irrefreável; está cheia de peçonha mortal.  Com ela bendizemos ao Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos ã semelhança de Deus. Da mesma boca procede bênção e maldição. Não convém, meus irmãos, que se faça assim”.

Lembrem-se que à frente de vocês existe uma bancada com caneta e gravadores afiados prontinha para registrar para a posteridade aquilo que vossas excelências disserem do outro lado do vidro. Se nos permitem deixamos uma dica: sejam prudentes como a serpente, mas jamais percam de vista a simplicidade das pombas. 

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